quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A utopia separatista e o federalismo viável

O Brasil se parece menos como uma federação e mais como Estado unitário, pois a concentração tributária é bem próxima dos 75% de tudo que se arrecada no país viável.


·         Thomas Korontai

Antes que os separatistas se sintam ultrajados com a “utopia anunciada”, convido-os a perceber que a maior aspiração de todos os movimentos de separação política é igual à aspiração dos federalistas que defendem um “federalismo pleno”: livrar-se da opressão do governo federal. Reportagem publicada pela Gazeta do Povo em 22 de agosto demonstra exatamente isso. Esse sentimento se verifica no seio da população, que já se deu conta de que não faz sentido enviar tantos recursos para um governo central, distante de todos.

O Brasil se parece menos como uma federação e mais como Estado unitário, pois a concentração tributária é bem próxima dos 75% de tudo que se arrecada no país (devolvendo-se cerca de 20% via Fundos de Participação dos Municípios e dos Estados), deixando estados e cidades à míngua. A Constituição de 1988 construiu uma “federação quaternária”, incluindo os municípios e o próprio Distrito Federal como entes federativos. Mas uma federação de verdade só pode ser dual: estados e governo central. E para ser plena, os estados federados devem ter grande autonomia legislativa, tributária, judiciária e administrativa. Se o leitor lembrou dos Estados Unidos, acrescento que Canadá, Suíça, Alemanha e Austrália também adotam tal modelo.

Uma federação de estados autônomos deve obedecer ao princípio da subsidiariedade, que aloca corretamente as atribuições das esferas de governo e dos três poderes respeitando-se as respectivas autonomias e capacidades – à União, por exemplo, ficam as exclusivas atribuições de cunho nacional. Mas, no Brasil atual, o único princípio que prevalece é o da vassalagem estatal do cidadão submetido às três esferas de governo, empobrecendo-o mais e mais.

Os separatistas propõem a fundação de novos países, mas, na verdade, o Brasil é que precisa ser refundado

Os separatistas propõem a fundação de novos países, mas, na verdade, o Brasil é que precisa ser refundado. A razão vai além da esquizofrenia federativa de quatro níveis. Dentro dela, desenvolveu-se uma estrutura mastodôntica e corporativista, excessivamente burocrática, formalista, regulatória, garantida pela Constituição de 1988, cuja “cidadania” serve apenas aos membros integrantes da casta do setor público. O setor privado, que é o único que produz, paga essa conta sem ter as correspondentes contrapartidas nos serviços públicos que espera.

A corrupção, que se tornou sistêmica, praticamente se institucionalizou. Não serão “Dez Medidas” e mais e mais controles que a deterão. A causa direta é a estrutura do Estado brasileiro, que aloca estonteante burocracia em todos os setores, bem como as regulações que garantem a plutocracia que sustenta políticos e governantes em incestos constantes, sodomizando o povo com oligopólios, trustes e cartéis. A estrutura custa cada vez mais, e nem mesmo o mais perverso e caro sistema tributário do mundo em relação aos produtos brasileiros – somos os únicos que tributam todas as etapas de todas as cadeias de produção – consegue dar conta dela. A taxa de investimentos em relação ao PIB vem caindo ano após ano. Não há infraestrutura para atender qualquer taxa de crescimento acima de 2% ao ano, pois os oligopólios simplesmente impedem a livre construção de aeroportos, a criação de companhias de aviação regionais, ferrovias, rodovias, navegação de cabotagem, hidrovias. O ambiente para se fazer negócios é um dos piores do planeta; a educação produz “alfabetizados analfabetos” funcionais, enquanto a saúde e a (in)segurança pública competem nas estatísticas de mortes. Sem contar com as dezenas de milhares de pessoas indo embora do Brasil, ou de empresas se instalando no vizinho Paraguai. Não é à toa que haja sentimentos de separação.

Considerando que a atual Constituição tem apenas um terço dela regulamentado, gerando um incrível cipoal de 5,4 milhões de normas legislativas (segundo o IBPT), não resta dúvida de que o Brasil precisa mesmo ser refundado por meio de uma substituição da atual Constituição por uma nova matriz constitucional. Os federalistas têm uma proposta nesse sentido, um ensaio de princípios, tal como a Constituição dos Estados Unidos, mas perfeitamente adequada à realidade brasileira, com 87 artigos e 19 disposições transitórias, um texto em discussão aberta e livre com a sociedade.

Nossas convicções:
Fortalecimento do modelo federativo

O desenho de um novo federalismo, pleno, para o país determina a impossibilidade de concentração dos poderes e tributos, além da reorganização estrutural em todos os sentidos. As cidades, por exemplo, poderão rever toda a sua estrutura de gestão política e administrativa, incluindo a substituição de vereadores pagos por conselheiros não remunerados. E, por que não?, prefeitos eleitos sem partidos ou simplesmente contratados como administradores urbanos nas cidades com menos de 50 mil habitantes? Os Estados Unidos têm mais de 30 mil cidades e aldeias autônomas em um ambiente federativo pleno. Não há justificativa que impeça tal prática por aqui.

Os estados passarão a ser competidores entre si, e também terão de rever suas estruturas. O federalismo pleno, dual, tem viabilidade política e se alinha com o inato sentido de autonomia local, cabendo a cada parte as devidas atribuições subsidiárias, sem invasão de atribuições mútuas. Nada disso contraria cláusulas pétreas da atual Constituição.

Utopias nos mantêm ocupados, sem resultados práticos, mas a viabilidade de um grande projeto de reestruturação nacional, ainda que enfrente as naturais dificuldades de sua implementação, é o desafio que pode ser assumido por todo aquele que respeita a si próprio como indivíduo autônomo e livre.

Thomas Korontai é empresário e fundador-presidente do Movimento Federalista.


http://nacaofederalista.blogspot.com.br/2017/09/a-utopia-separatista-e-o-federalismo.html

sexta-feira, 17 de março de 2017

Família Padilha — Os primeiros Padilhas do Brasil

Notas Históricas e GenealógicasEdição 5–2017
por: Eduardo Padilha dos Santos

Família Padilha do Brasil — Foto: Ilustrativa

Alguém já lhe contou sobre a origem da família Padilha? E o que contaram?

Ao pesquisar sobre a origem da família Padilha na internet, é fatal que encontremos o seguinte texto:

“O nome Padilha originou-se do nome da nobreza espanhola Padilla, mais especificamente de Dª. Maria de Padilla, mais conhecida como Maria Padilha a amante, conselheira e, posteriormente, esposa de Dom Pedro I, de Castela.”

E por aí vai.
Pedro I de Castela, cognominado o Cruel (1334–1369) — Foto: (Wikipédia)

Mas não foi essa história que ouvi de meus ancestrais!

Histórias
Na verdade ao longo da pesquisa, já ouvi diversas histórias envolvendo a família Padilha, quando trata-se de Brasil vejamos algumas.

Eram espanhóis que chegaram no Brasil no século XVI ou XVII, provindos da nobreza espanhola ou portugueses vindo junto a família real em 1808.

Tem outra, 3 irmãos oriundos da Espanha e ao chegarem no Brasil por volta do fim do século XVII migraram-se cada um para uma determinada região doBrasil, Nordeste, Sudeste e Sul e ali proliferaram suas descendências e assim temos muitas outras histórias e narrações.

Mas qual delas é verdadeira? Difícil de saber não?

Ofato é que há muitas especulações e poucas comprovações. Algumas diria até fantasiosas, outras interessantes e umas um tanto duvidosas, essas devemos tomar uma certa precaução. Todavia aprendi que na genealogia NÃO devemos desprezar nenhum dado fornecido, seja ele via relato oral ou documental, pois ora esses passam a fazer sentido em nosso “quebra-cabeça”.

Enfim, e no Brasil? Qual foi o primeiro Padilha a colocar os pés em terras do domínio da coroa portuguesa?

Quando tratamos de família Padilha no Brasil, sendo esse o foco do artigo aparece uma certa obscuridade, pois não é claro o mapeamento dos primeiros colonos “Padilhas” no Brasil (século XVI, documentação precária), tão pouco a genealogia da família compreendendo o seu ramo europeu mas temos algumas pistas, alguns nomes que apontarei ao decorrer do artigo.

Seriamos nós, Padilhas do Brasil, realmente descendentes da nobreza espanhola? Procedentes do Cruel, Pedro I de Castela?

Talvez, a documentação no Brasil, anterior ao século XVII, diria que é algo terrível de encontrar, caso a obtenha diria que é algo divino. No entanto temos que ser perseverantes e contar com o que encontramos ou ouvimos, e analisar cada caso minuciosamente para tentar traçar uma linha corroborativa.

Partindo desse principio vamos analisar algumas literaturas + enciclopédias + pesquisas de campo e ver o que elas nos oferece.

Padilhas no Brasil

A infografia abaixo demonstra em ordem cronológica, alguns (Padilhas) importantes” localizados no Brasil, há muitos outros nomes mas estabeleço por enquanto os primeiros registros com suas respectivas comprovações a seguir.


Algum desses nomes é comum para você? Acredito que não, então vamos esmiuça-los.

Detalhamento e Comprovações

A seguir específico 10 troncos da família Padilha, em ordem cronológica de fatos ocorridos aos mesmos. Também eles, estão agregados de suas referências biográficas e documentações pesquisadas, desvelando a veracidade da existência de cada membro citado.

Informo também.
Há muitos outros Padilhas localizados e, que aqui, não vou expor, caso contrário o artigo seria extenso demais. Contudo é possível visualizar todos os membros pesquisados juntamente em companhia de suas respectivas genealogias pelo site omeulegado.com.br.

Documentação

Referência
Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Edição 61, pág. 86 e 156.

1º — [1589] — Bahia
Cap. André Padilha de Barros (Português), veio em 1589 para a Bahia, onde foi Cap. de infantaria e lutou com os holandeses, tornando-se fidalgo do rei, D. Filipe I e também Filipe II em Espanha. Em 1607, casa-se comMaria Rangel (b. 15.04.1585)-BA e em 1612 teve duas léguas de terras em Passé. Sua consorte é filha de Rafael Teles, patriarca desta família Teles.


Referência
Documentação Histórica PernambucanaSesmarias Vol.I, pág. 63–65.

2º — [1699] — Alagoas
Cap. Apolinário Fernandes Padilha (Português), adquiriu o engenho Massayó, hoje atual cidade de Maceió, casado com Beatriz Ferreira não temos confirmação de sua descendência, alguns dizem que voltou paraPortugal outros que sua prole prosperou por outros estados do nordeste, fico com a segunda suposição pois encontrei muitos Fernandes Padilha e FerreiraPadilha dessa região, inclusive em minha linha direta de ancestralidade.




Referência
Conselho UltramarinoSão Paulo, Carta ao juiz ordinárioManuel Pereira Padilha.

3 º— [1700] — São Paulo
Alf. Manuel Pereira Padilha (Português), deixando geração do seu casamento com Inês de Siqueira, bisneta de Antônio Nunes de Siqueira, patriarca desta família Nunes de Siqueira.


Referência
Nobiliarquia Pernambucana Título dos Barbalhos Silveiras, pág. 413, citação a Catarina Barbalho e Aniceto Ferreira Padilha.

4º — [1728] — Pernambuco
Aniceto Ferreira Padilha, morador na Barra do Cunhaú, é natural de Muribeca, que deixou geração do seu casamento com Catarina Barbalho, filha de Francisco Ribeiro Bessa.


Referência
Conselho UltramarinoBrasil -Pernambuco, requerimento de patente ao Cap. João Baptista Padilha.

5º — [1742] — Pernambuco
Cap. João Baptista Padilha, nasceu (01.08.1742) em Olinda, Pernambuco filho de Lourenço de Freitas e Abreu e Maria Magdalena do Espirito Santo, deixando geração do seu casamento com Ana Maria da Silveria, falecido em (09.11.1803) em Recife, Pernambuco, encontrei algumas cartas de requerimento (oficio) do Capitão junto a corte portuguesa.


Referência
Conselho UltramarinoBrasil -PE, requerimento do Brig. Antônio Fernandes Padilha.

6º — [1745] — Pernambuco
Sgto-Mor. Lourenço de Freitas Padilha, nasceu aproximadamente (1745), irmão do Cap. João Baptista Padilha citado acima, filho de Lourenço de Freitas Padilha e Abreu e Maria Magdalena do Espirito Santo de seu consorte com Ana Maria Margarida da Conceição, encontrei 02 filhos Antônio Fernandes Padilha e Francisca Fernandes Padilha casada com Manoel da Assumpção Padilha desse casal segue a descendência do Brig. Antônio Fernandes Padilha citado logo abaixo.


Referência
Testamento e partilha de bens de Teodora de Campos Bitancour (1806), com citação a sua filha órfã Ana de Freitas Padilha.

7º — [1770] — Pernambuco
Cap. Leandro Pereira Barbosa, viveu na cidade de Altinho-PE, depois migrando-se para Bonito-PE, deixando geração do seu casamento com Teodora de Campos Bitancour, uma de suas filhas Ana de Freitas Padilha,casara com Vicente Ferreira Callado, filho do Cap. Antônio José FerreiraCallado e Felícia de Almeida, patriarca desta família Callado, de Pernambuco de onde procede meu tronco familiar e de muitos Callado de Pernambuco.


Referência
Assento de matrimônio deAntônio Gonçalves Padilha, assento do livro da cúria de São Paulo (Paraná) neste período.

8º — [1770] — Paraná
Antônio Gonçalves Padilha, esse provavelmente um dos primitivos troncos do Sul do país, no assento de casamento dele sua consorte, Dona Maria França Moreira, diz ser natural da Vila Curitiba ou seja sua geração já estabelecida no Brasil, é filho de Felipe Gonçalves Padilha e Ignacia […] de Assunção.


Referência
Nota de falecimento do Brig. Antônio Fernandes Padilha, emitida pelo Jornal do Recife em 05.08.1862.

9º — [1797] — Pernambuco
Brig. Antônio Fernandes Padilha, nasceu na ilha de Itamaracá na atual comarca de Olinda na província de Pernambuco, no ano de 1797, foram seus pais Manoel da Assumpção Padilha e Dona Francisca Fernandes Padilha , era casado com a Ex. ª Dona Rosa Maria da Conceição Padilha, residente na província de Pernambuco, de cuja união existem filhos, que habitam na côrte, e naquela província, onde o ilustre general tinha muitos parentes. Faleceu em Santa Catarina em (07.07.1865) “Jornal do Recife 05.08.1862”
Nota de falecimento do Brig. Antônio Fernandes Padilha

Referência
Revista trimensal do Instituto do Ceará, Vol 15, pág. 300 e Anaes do Parlamento BrasileiroSessão de 1854, pág. 122.

10º — [1800] — Ceará
Maj. Joaquim César de Mello Padilha, cavaleiro do Cruzeiro e Aviz, natural de Pernambuco, que passou ao Ceará, com ramificações na cidade do Rio de Janeiro, deixando uma numerosa descendência com Dona Carlota Maria do Patrocínio.


CONCLUSÃO
Em súmula, percebo a emigração dos Padilla ou Padilhas oriundo daEspanha fora grande principalmente com passagem pela Ilha da Madeira,Portugal e depois chegando ao Brasil entre os séculos XVI e XVII. Há outros ramos da família que desembarcaram no Brasil posteriores aos séculos XVII e XVIII, principalmente pós guerra, originários de Portuga, Espanha, Argentina, Uruguai e até do Chile, esses populando os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e outro.

Os ramos mais primitivos da família Padilha no Brasil deixaram uma imensa descendência principalmente nas regiões do Nordeste e Sul e esses migraram por todo país. Minha descendência procede dos Padilhas do Nordeste da qual obtenho um imenso ramo genealógico com mais de 1.000 nomes pesquisados, porém ainda não estabeleci conexão com o ramo europeu.

Ah,
Quanto a descendência da nobreza espanhola, é possível que possamos dela proceder, não posso afirma com veracidade que sejamos do mesmo tronco de Pedro I de Castela, dado que precisamos levar em consideração muitos fatos históricos e o contexto desses períodos.

Lembram da União Ibérica (1580–1640)?, dinástica entre as monarquias de Portugal e da Espanha após a Guerra da Sucessão Portuguesa, quantos espanhóis (Padilla) devem ter migrados para territórios portugueses e ali, nascendo suas futuras gerações?.


Enfim, mas estamos muito perto de constatar a genuinidade dos fatos e assim identificados faço questão de compartilha-los e contribuir para os anais genealógicos.

Fonte: https://medium.com/meu-legado/fam%C3%ADlia-padilha-os-primeiros-padilhas-do-brasil-6e168357baec#.uslqe0izb